quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Programação da II Jornada de Agroecologia da Bahia


Salas de Conversa - 12 de dezembro

Salas de conversa para debater alguns temas levantadas neste processo de construção relâmpago.

Sala 1
Projeto Célula: oficina de apresentação de dados Projeto Território Litoral Sul
Facilitação: Allan – Instituto Cabruca
Público: representantes do Território Litoral Sul e interessados;

Sala 2 – Sala Terra/Território para quê
Facilitação NEPPA
Contribuições: GAIA

Sala 3 – Economia Solidária, fomento de produtos agroecológicos e organização em rede
Facilitação: a decidir
Contribuições sobre experiências: Rosa Penzza (Instituto Jupará) e Casa da Economia Solidária (Serra Grande);

Sala 4 – Segurança Alimentar (PAA, PNAE)
Facilitação: Ecobahia (Xixa e kaká) E Diego (NEPPA)
Contribuição com experiências: CETA PAA Jovem
obs: esta mesa é um preparativo para oficina prática de elaboração de projetos PAA e PNAE que tmb será mediada pelo Ecobahia

Sala 5 – Sagrado Feminino – pauta das mulheres de partejar, ervas sagradas, mulher, atuação da mulher, dificuldades e teia;
Facilitação: Ludimila (Casa Púrpura) + outro elo TEIA
Contribuição: Heloísa, Mestras indígenas, GAIA, Encanto da Sereia

Sala 6 - Educação do Campo e Agroecologia
Facilitador: José Carlos Evangelista
Contribuição: Casa do Boneco; CEEP Milton Santos, NEPPA

Sala 7 – TEIA e Lideranças – lideranças de povos, movimentos e segmentos instituições que compõem a TEIA e lideranças convidadas (1 representante de cada grupo, segmento, movimento ou povo).
Facilitação: Claudio Lyrio - Instituto Cabruca
Contribuição: Casa do Boneco, NEPPA



Oficinas - 13 e 14 de dezembro

1. Construindo o Solo - Hermano Penalva
2. Recuperação em Área degradada e Poda alta em Sistemas Agroflorestais Rodrigo Alberto Lopes NEAP/UFG- Eduardo Correia/Ecobahia
3. Bioconstrução com super adobe - Danilo Ferreira Rezende - NEAP/UFG
4. Biossistemas de tratamento de esgoto - Paulo Roberto da Silva Gonzaga - NEAP/UFG
5. Coleta de água da chuva. Bioconstrução de Ferrocimento - Murillo Georgio Pereira - NEAP/UFG
6. Construção e Implantação de viveiro – Assentamento Terra Vista / MST
7. Cacau: da Produção ao Beneficiamento - Assentamento Terra Vista / MST
8. Saberes Indígenas: Cremes, Tinturas e Aromáticos - Tribo Pataxo – Pau Brasil
9. Defensivos Biológicos e Biofertilizantes – Assentamento Terra Vista / MST
10. Biofertilizantes e Controle de Pragas Assentamento Terra Vista / MST
11. Produção de tapetes Assentamento Terra Vista / MST
12. Bioconstrução: filtro de água – Oca da Minhoca/Mestre Lua
13. Manejo Agroecológico do Cacau – Instituto Cabruca
14. Qualidade do Cacau Fino – Instituto Cabruca
15. Oficina de PAA e PNAE - Instituto Ecobahia
16. Coleta dos resíduos JORNADA e Compostagem – CEEP Milton Santos
17. Oficina de Defumados - CEEP Milton Santos
18. Calda Agroecólogico – CEEP Milton Santos
19. Reciclagem - CEEP Milton Santos
20. Produção de Doces - CEEP Milton Santos
21. Agitação e Propaganda - NEPPA
22. Construção de Biodigestor – EAC Margarida Alves
23. Dança Popular – Encanto da Sereia
24. Reutilização de PNEUS (móveis) – Ecobahia com convidado Artur
25. Oficina Cultura Afro: estética, dança e diálogos – Casa do Boneco
26. Canto e Danças Circulares: Heloísa (9h às 12h – Dia 13)
27.Graffiti e Stencil - Leo Pessoa

28. Teatro e Maquiagem – Camila Santana – Dia 12 de dezembro
29. Sabão Ecológico - Mestra Socorro / Ilhéus 
30. Oficina de Certificação Participativa para produtos da Agricultura Família - Edilson Silva / OCPOBA
 

Preparativos para a II Jornada marcaram os dias 10 e 11 de dezembro

A II Jornada de Agroecologia da Bahia teve início antes mesmo da programação oficial, marcada de 12 a 15 de dezembro de 2013. Durante toda a terça e quarta-feira, dia 10 e 11, os preparativos já davam clima de evento ao Assentamento Terra Vista. Mulheres, homens, crianças e jovens trabalharam coletivamente em mutirões de limpeza e roçagem, reuniões de articulação, quebra de cacau, cozinha, ensaios e início da construção de um forno de barro, feito com técnicas de bioconstrução.



Uma das atividades que mobiliza mais pessoas é a construção de forno, direcionada pelo Mestre Lua de Santana. Feito em bioconstrução e reaproveitando resíduos como garrafas de vidro, o forno servirá como suporte para a cozinha do Assentamento Terra Vista, possibilitando o preparo de pães, pizzas e outros pratos que alimentarão os inúmeros mutirões que ainda vêm por aí. 


Pela manhã, as crianças e jovens do Assentamento ensaiaram toques e uma coreografia de dança afro e maculelê, que será apresentada durante a programação cultural da Jornada. Na parte externa, embaixo do pé de jambre que colore o jardim central do Assentamento, participantes ensaiavam a mística que marcará a abertura oficial da Jornada, a ser realizada na tarde dessa quinta-feira, dia 12.


Ainda na quarta-feira, já começavam a chegar grupos de vários lugares da Bahia, do Nordeste e de outros estados do País. Os acampamentos aos poucos se formaram e o encontro e reencontro entre os participantes continuou até à noite, com fogueira e cantoria. Tudo isso, marcando apenas o começo do que se estende por hoje, pelo fim de semana e pela continuidade das ações que serão encaminhadas na Jornada que une os povos da Cabruca e da Mata Atlântica.







II Jornada de Agroecologia da Bahia

De 12 a 15 de dezembro acontece a II Jornada de Agroecologia da Bahia. O evento é uma realização da Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica e será sediado no Assentamento Terra Vista (MST), em Arataca (BA). A partir do tema “AGROECOLOGIA: ações agroecológicas para o empoderamento comunitário”, a Jornada contará com rodas de conversa, oficinas e a plenária que resultará em um documento final com orientações para a agenda de atividades da Teia em 2014.

A II Jornada de Agroecologia da Bahia busca, a partir das demandas e potencialidades identificadas no Litoral Sul do estado, auxiliar o desenvolvimento sustentável e socioeconômico e o empoderamento dos povos e comunidades tradicionais residentes nesse território. São esperados cerca de 500 participantes, entre indígenas, mestres de tradição oral, quilombolas, movimentos sociais, assentados, estudantes, pesquisadores e profissionais em Agroecologia.

As oficinas temáticas abordarão temas como manejo, uso de tecnologias agroecológicas, Sistemas Agroflorestais (SAfs), agricultura familiar, permacultura, cacau orgânico, formação cultural, saberes ancestrais, segurança alimentar, saúde, entre outros. Com o objetivo de fortalecer a identidade e a cultura tradicional, durante o evento também serão realizadas atividades artísticas, como ciranda, oficina de alfaia e roda de capoeira, além de vivências voltadas para as crianças do assentamento e das famílias participantes.

Como espaço de reflexão e troca de saberes, a Jornada busca ainda fortalecer a criação de propostas, ações continuadas de formação e ampliação do conhecimento sobre a importância da Agroecologia, da territorialidade para a vida, da organização popular e do desenvolvimento da qualidade de vida dos povos e comunidades tradicionais da Bahia.


SERVIÇO 

II Jornada de Agroecologia da Bahia
Local: Assentamento Terra Vista, Arataca-Bahia.
Dia: 11 (chegada, inscrições, acampamento para as brigadas) a 15 de dezembro de 2013
Inscrições: migre.me/gXGCx 
Informações: jornadadeagroecologiadabahia@gmail.com / 73 9819-0706 / 71 9374-2037
Fanpage: www.facebook.com.br/jornadadeagroecologiadabahia 
Acomodação: Serão disponibilizados espaços para acampamento. Os participantes devem trazer barracas, colchões, cobertores e materiais de uso pessoal.

Jornada na Aldeia Caramurú Catarina Paraguaçú: É a Teias no Trecho


Prezad@s parceir@s e Elos da Teia,

Nos dias 22, 23 e 24 de março de 2013 a TEIA AGROECOLÓGICA DOS POVOS DA CABRUCA E DA MATA ATLÂNTICA realizou mais uma ação. A atividade ocorreu na Aldeia Caramuru Catarina Paraguaçu, município de Pau Brasil - Bahia.


O acampamento foi montado no dia 22 à noite. Nos dias seguintes ocorreram as seguintes atividades: aimplantação de viveiro, com as mudas doadas pelo Assentamento Terra Vista (MST) e as mais de 6 mil mudas doadas pela Biofábrica (mudas de açaí, palmito, cacau, banana, cana de açúcar, ingá, etc.), construção de 2 banheiros secos, preparo da área para plantar, na implantação de uma área demonstrativa de SAF (com bananeiras, ingás, milho, feijão etc), na construção de tambores de percussão e na limpeza e coleta de adubo no curral.


Nessa ação contamos com a participação de diversas instituições, segmentos e profissionais: Tupinambás de Olivença da Serra do Padeiro, Pataxó Hã Haa Hãe (nossos anfitriões), Assentamento Terra Vista, Curso de Agronomia (MST), Ecobahia, Casa do Boneco, Quilombo Lagoa Santa, NEPPA, MPA, Associação Comunidade Ativa (ACATI), Mestre Lumumba, Mãe Nadja, a bióloga Quionat Tosta, a professora de Danças Circulares, Heloísa, a Terapeuta e parteira, Val Rocha, Cauê Rocha (estudante de cinema da UFRB) e divers@s colaboradores. Totalizando uma média de aproximadamente 200 participantes voluntários.

 


A ação foi considerada exitosa e proporcionou um fortalecimento da rede que se formou após a I Jornada, oportunizou formação prática do processo colaborativo (quem pode levou alimentos, sementes, ferramentas, mudas etc.), serviu como base para o aprimoramento do conhecimento agroecológico, permitiu que os indígenas renovassem a esperança na possibilidade de melhoria do uso da terra e colaborou para fortalecer a identidade e cultura dos povos presentes.

Entretanto, o diagnóstico realizado da Aldeia, um recorte dos 54 mil hectares das terras indígenas, identificou que a terra está bastante degradada após os muitos anos de utilização pelos ex-proprietários (fazendeiros) dessa terra para criação de gado. Além disso, outra questão que impacta diretamente na ampliação da produção agrícola e da melhoria de vida dos índios que residem nessa área é a pouca água potável de fácil acesso aos índios. Nota-se ainda que a colonização portuguesa deixou marcas que perduram até hoje nas tradições indígenas e na perda de algumas práticas tradicionais.


Contudo, é notável o desejo desse segmento em implementar as práticas agroecológicas em sua comunidade, fortalecer a identidade, cultura e resgatar as tradições . Todavia, é necessário uma ação continuada que auxilie na restauração florestal, na implantação de SAF, criação de quintais produtivos, na soberania alimentar, no empoderamento da comunidade entre outros. Para isso, é necessário um suporte técnico maior do que a TEIA já está oferecendo, ampliação do viveiro, na, criação do banco de semente, suporte financeiro para que estes possam adquirir ferramentas, insumos e outros instrumentos necessários para a ampliação das práticas agrícolas, formação e construções a partir da bioconstrução (tanques de captação de água da chuva, biodigestor etc.), formação continuada para jovens e crianças voltada para agroecologia, fortalecimento identitário e organização social.

Apesar, de compreendermos que muito ainda temos que caminhar, cada atividade que vivenciamos nos fortalece como TEIA colaborativa que acreditam nos diferentes saberes e que sabe que o caminho é continuar firme nessa jornada coletiva, colaborativa e solidária. Assim, agradecemos aos esforços individuais e coletivos dos diversos Elos dessa TEIA que fizeram dessa ação possível, PAA Ituberá, PAA de Itacaré, a Prefeitura de Camacan, a prefeita Angela Castro pelo auxílio e a ADESCT de Pau Brasil.

Fotos: O Sonho; Ritual antes dos trabalhos; Tecendo o Sonho. 


Fotos no facebook: facebook.com/jornadadeagroecologiadabahia

Outras informações: casadoboneco.blogspot.com.br/2013/03/terra-agua-folha-ar-pena-e-axe-teia-no_2512.html

Agenda de Planejamento 2013 da Jornada de Agroecologia - Território Litoral Sul


Entre os dias 21 e 23 de fevereiro de 2013, no Assentamento Terra Vista, município de Arataca, Sul da Bahia, a Jornada de Agroecologia seguiu seus primeiros passos no ano de 2013, cumprindo a proposição de trabalho em rede. A Jornada, iniciada em novembro 2012, com um grande evento, se propôs a ser uma caminhada permanente com o desafio de articular diversos movimentos do campo e da cidade para em rede, por em prática a agroecologia como um princípio de existência e sustentabilidade.

Assentamento Terra Vista, Aldeia Caramuru Paraguaçú, Aldeia Tupinambá de Olivença, Aldeia Tupinambá de Serra do Padeiro, Casa do Boneco de Itacaré, Instituto Eco Bahia, Associação Comunidade Ativa (ACATI), Centro de Agroecologia e Educação da Mata Atlântica (OCA) e as ilustres presenças de Mestre Lumumba (SP) e Mestre Lua Santana (Chapada Diamantina), crianças, tambores, debates, chuva, lua, rio, fogueira, cantigas, rodas de conversa, deram o “tom” do evento da Rede no desafio de construir uma Agenda de Planejamento da Jornada, assim como iniciar as definições básicas da atuação da rede.

O evento foi iniciado com um grande debate de análise de conjuntura. Mestre Lumumba traçou uma importante linha histórica para defender que tão importante quanto sabermos de onde viemos, é saber conhecer contra quem estamos lutando. Nesse sentido, a fala do mestre percorreu as Cruzadas, as estratégias de extermínio do povo indígena, a educação que fragmentou o conhecimento e a relação dos mais velhos com os mais novos e uma dura crítica ao Estado Brasileiro: “Se você é europeu ou da classe dominante, precisa de 5 anos para fazer uso capião da terra. Nós estamos há 5 mil anos (os índios) e não temos direito, o quilombola está há 300 anos e não tem direito...”.

A liderança indígena Célia, professora e moradora da aldeia Tupinambá na Serra do Padeiro, tratou da visão da mulher indígena e negra em relação à luta pela posse de terras e na vida cotidiana de sabedoria e luta do povo indígena. Já o companheiro Joelson do MST, ressaltou a importância de 3 frentes organizativas: de mulheres, de jovens e da produção: “Essa é uma sociedade velha, chegando ao fim. Temos um papel fundamental em reencantar o mundo. Nossa dificuldade em se unir foi plantada historicamente..”.

Em sua intervenção, o Cacique Nailton relatou as vivências na sua aldeia, ressaltando o quanto é importante o cuidado espiritual, que está ligada a força dos orixás, caboclos ou encantados. Fez um paralelo entre formação e educação, enfatizando o quanto é importante se distanciar um pouco mais das novas tecnologias e valorizar as técnicas artesanais transmitindo aos mais jovens, principalmente no que diz respeito ao cuidado desses povos com a saúde, sendo que a natureza dispõe de todos os produtos necessários para promover curas, a chamada farmácia viva.

 A discussão de Rede, conduzida pelo Instituto Eco Bahia, trouxe uma reflexão sobre o quanto a sociedade do consumo dispõe de uma tecnologia para confortos desnecessários com repercussão no impacto ecológico e desrespeito aos ancestrais. Segundo o companheiro Calango: ‘’A natureza nunca diminui a vida, ela só aumenta a quantidade e a qualidade de vida daquele local. Se a natureza é biodiversa, ela traz variedades de harmonia para o ser humano. A gente não precisa aprender nada, tudo o que a gente precisa saber da natureza ela mesma ensina’’.

A Rede, que a Jornada de Agroecologia deu início, tem uma atuação inicialmente focada no território Litoral Sul como espaço piloto para iniciar as ações colaborativas e coletivas entre povos indígenas, quilombolas, assentados e pequenos agricultores. O trabalho da rede segue para a Aldeia Caramurú Pagaraguaçú em Pau Brasil nos dias 23 e 24 de março e estará trabalhando para uma ação permanente de intercâmbio, trocas de práticas e saberes identitários, mobilização de jovens e mulheres, produção de alimentos saudáveis, comercialização e formações diversas.

Say Adinkra, articulação de Agroecologia

Texto feito com a colaboração da relatoria de Nátali Mendes e Ana Opará

Saudações Agroecológicas, Viva 2013!

"Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade." 

Cora Coralina

Carta da I Jornada de Agroecologia


Arataca, 01 de dezembro

Nós, os mais de quinhentos participantes da I Jornada de Agroecologia da Bahia, tupinambás, quilombolas, pataxó hã-hã-hãe, pataxó, assentados e assentadas, acampados e acampadas. Homens, mulheres, jovens e crianças, reunidos entre os dias 26 de novembro e 01 de dezembro de 2012, no assentamento do MST, Terra Vista, no município de Arataca, afirmamos o nosso compromisso com o modo de vida agroecológico.

Ao longo dos seis dias de jornada nos debruçamos sobre práticas agrícolas, educação, movimentos sociais, cultura, fortalecimento de Identidade e de luta popular, contextualizando-os com a agroecologia. Compreendendo que a agroecologia é mais que um modelo de técnicas agrícolas, pautamos o nosso evento nas mais diversas linguagens, não deixando de lado a necessidade de envolver as crianças e adolescentes na construção do mundo que queremos.

 Lamentamos o modelo antidemocrático, latifundiário, capitalista, oligárquico que ainda prevalece na Bahia e no Brasil, assim como a ausência de políticas públicas eficientes que contemplem a dignidade dos povos camponeses. Elencamos como problemáticas que dificultam a concretização da agroecologia: a precariedade da educação no campo e o fechamento de escolas no campo, o êxodo forçado da juventude camponesa, ausência de formação efetiva e contextualizada para os professores, a falta equidade de gênero, submissão do Estado ao grande capital, uso de agrotóxicos, inoperância de políticas públicas que permitam o escoamento da produção agroecológica, modelo de segurança pública pautado em uma tradição escravocrata de extermínio e opressão dos nossos povos, dentre outros.

Indignamo-nos com a incompetência e seletividade dos órgãos do governo estadual e federal em executar políticas públicas que garantam a titulação e permanência dos povos do campo e da floresta em seus territórios.

 Afirmamos então, nossa capacidade de resistência, apresentando com nossas vidas e nossos esforços nos aprendizados cotidianos, outra forma de desenvolvimento baseado no modelo agroecológico e de uma educação libertadora, construtora de outro modelo de pensamento, produzindo, trocando e comercializando alimentos de qualidade, sem agrotóxico, fortalecendo a organização, o associativismo, respeitando as diferenças étnicas, de gênero e geração, valorizando a cultura e a arte do nosso povo.

Comprometemo-nos em expandir a articulação e manter permanentemente mobilizada a Rede de Agroecologia organizada nesta jornada com o objetivo levar aos diversos territórios da Bahia a matriz agroecológica de produção e transformando em tradição a realização da Jornada de Agroecologia na Bahia como ponto de encontro, troca, ação e mobilização permanente dos povos.

 “Uma caminhada de passos largos e sem direção, é tempo perdido. Uma caminhada de passos curtos com objetivos, demora, mas um dia se chega lá.”

Grande toré encerra a I Jornada de Agroecologia da Bahia

Dança o povo negro 
Dança o povo índio  
Sobre as roças mortas de aipim  
Dança a nova tribo  
Dança o povo inteiro  

(Chico César) 

 
Um grande terreiro de danças, torê e tambores, arte e cultura, mudas e sementes. Um grande terreiros de sonhos, volta e meia uma lágrima, um arrepio, uma lembrança, uma vontade de sair daqui e começar a construir um outro mundo possível e urgente. Em seis dias de convivência, uma jornada de envolvimentos, aprendizagens e ensinamentos.


Dias de eternos agradecimentos, em cada mesa, cada oficina, o clima era de gratidão, de vontade de conviver, de aprender e de ensinar. Todos aqui tinham vez, homens, mulheres, jovens e crianças. De fato, a horizontalidade foi um dos pontos fortes da nossa Jornada. 



O encerramento foi cheio de homenagens, e mais uma vez os agradecimentos, poesias, músicas, utopia. Indígenas, quilombolas, trabalhadores e trabalhadoras sem terra, encenaram e reviveram mais uma vez a quebra dos grilhões, das correntes da escravidão, do preconceito, do latifúndio. 





Em uma só voz, declaramos:

“Considerando que os senhores nos ameaçam com fuzis e com canhões nós decidimos: de agora em diante temeremos mais a miséria que a morte." 

(Brecht) 

Fotos são Fatos

Acompanhe a cobertura audiovisual da Jornada:

Youtube: 
http://www.youtube.com/watch?v=Nv76NPsEx3A
http://www.youtube.com/watch?v=Md2XZvbsZIU

Fanpage:
facebook.com/jornadadeagroecologiadabahia

Colaboração: OCA, Cineclube Mocamba, parceiro Claudio Lyrio

Poeta de Sérgio Ricardo homenageia a Engenheira Agrônoma Ana Primavesi na I Jornada de Agroecologia da Bahia

Ciência e Poesia 

Afirma Ana Primavesi 
Em seu saber fecundo: 
A compactação do solo 
É o maior problema do mundo;  

Pois provoca o vicioso 
Ciclo inexorável: 
Erosão, enchente e seca, 
Escassez de água potável. 

Mas o solo protegido, 
Poroso, alimentado, 
Gera planta e animal 
Sadio, vitalizado. 

Agradecemos professora 
Tão preciosas lições.
Sua presença entre nós 
É primavera nos corações.

Sérgio Ricardo - Novembro de 2012 


Começa a I Jornada de Agroecologia da Bahia

A manhã de hoje na I Jornada de Agroecologia da Bahia começou a tradicional mística. O dia iniciou com um cortejo, onde as crianças e os participantes da Jornada cheios de adereços estéticos que remetiam as nossas matrizes culturais fizeram uma volta pelo assentamento, com o intuito de alcançar a todos os assentados e assentadas do Terra Vista, além de  conhecer as experiências agroecológicas da comunidade que é hoje referencia em agroecologia na Bahia .

Logo em seguida tivemos uma mesa com a participação de Daniel da Fundação Pau Brasil, Wallace Setenta da CPC, Lans da CAR e o Diretor da CAR, Vivaldo. Em seguida foi feita a leitura de uma carta elaborada em reuniões de articulação política que vêm ocorrendo durante a Jornada, que tinha como pauta principal a indicação da construção da II JORNADA DE AGROECOLOGIA, que teria pré-jornadas ao longo do ano e inicialmente aponta para uma reunião em Janeiro com cerca de 100 lideranças na cidade de Ilhéus. Essa carta pautava sobretudo o financiamento pela CAR. Eu que me recuse, respondeu o Diretor da CAR.

Tivemos ainda a magnífica presença da Companhia Circulando, companhia do Vale do Capão que trabalha com atividades circenses apoiada na pedagogia do Paulo Freire e que desenvolveu magníficos trabalhos educativos com as crianças durante o período da Jornada, para as crianças palavras como Cultura e Reutilização ilustram um pouco do que a Companhia desenvolveu ao longo da semana.

Participantes da I Jornada de Agroecologia da Bahia constroem painel de sementes

Participantes da oficina Sementes da Consciência construíram um belo painel com sementes de abóbora, ervilha, trigo mourisco, quatro tipos de feijão, milho, açaí, cacau, cebola, pimenta, coentro, alpiste, mangostan, laranja, dentre outras. A ministrante da oficina, Maritânia, MST/Santa Catarina, explica que “a arte tem uma função social nos movimentos sociais, este painel alerta para o compromisso da construção de banco de sementes".


O painel é inspirado em uma técnica mexicana e segundo os participantes sintetizou o sentido da oficina, pois "debater a agroecologia significa trabalhar com elemento sagrado que são as sementes."



Ao longo da I Jornada de Agroecologia da Bahia foram realizadas cerca de quarenta oficinas, todas elas inseridas nas temáticas: Cultura, Fortalecimento de Identidade e Luta Popular. Dentre elas estão: Sistemas Agroflorestais, Danças Circulares e Homeopatia.

I Jornada de Agroecologia da Bahia discute perspectivas para a educação contextualizada no campo

A cabeça pensa onde os pés pisam, o adágio popular resgatado pelo educador pernambucano Paulo Freire, foi lembrado por Diego Silva do NEPPA-, para dar início a mesa Educação no Contexto da Agroecologia na Bahia e no Brasil, além de Diego, estavam presentes Ilza Pataxó, Joelson Ferreira-MST, Jorge Rasta- Casa do Boneco e Raimundo Bomfim, pró-reitor de extensão da UESC.

Diego Silva atentou para o elevado número de fechamento de escolas no campo na última década, foram trinta e sete mil escolas desde 2002, segundo Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC). Para Diego, este dado se deve ao fato do esvaziamento do campo por conta da migração forçada. Cada vez mais as verbas públicas são investidas em infraestrutura para o agronegócio e são pouquíssimas as políticas estruturantes que garantam de fato a permanência do agricultor familiar em sua terra. Diego Silva atenta para a necessidade de iniciativa de desenvolvimento da educação formal e não formal de forma autônoma, e concluiu sua fala afirmando que a educação deve ser instrumento de multiplicação da luta.
 

Pensar uma educação diferenciada significa pensar também em todo o contexto étnico que envolve o universo rural brasileiro, já que os camponeses são principalmente afrodescendentes e indígenas, porém para Jorge Rasta, a escola tradicional não fala a língua do homem e da mulher do campo e o modelo educacional vigente não consegue construir diálogos com práticas agroecológicas ou até mesmo com a construção de uma mentalidade não racista e não sexista.


Segundo Ilza Pataxó, o processo educativo deve envolver todos os segmentos da comunidade, as crianças devem ter acesso a todo aparato de educacional contemporâneo, porém devem permanentemente estar em contato com informações acerca da cultura e das tradições, pois é o autoconhecimento, a identidade que vai definir o conceito de agroecologia que melhor se aplica aos povos indígenas, quilombolas, assentados e agricultores tradicionais.


Joelson Ferreira fez o encerramento da mesa salientando rompemos a cerca, quebramos a cerca, agora temos que ir além da cerca. E concluiu uma nova perspectiva de humanidade não cabe no capitalismo. A barbárie já está aí, a miséria está tomando conta até dos lugares mais ricos do mundo.


Camponeses discutem estratégias para a construção do modo de vida agroecológico na I Jornada de Agroecologia da Bahia

O primeiro dia de Jornada de Agroecologia foi aberto com uma mística celebrada com várias intervenções artísticas, cheias de cânticos indígenas e ao som de percussões de quilombolas, conduzida pelos representantes da Casa do Boneco e pelos povos indígenas da tribo pataxó-hã-hã-hãe, recheado de danças tradicionais.


Logo em seguida aconteceu a mesa com o tema: “O papel da agroecologia na agricultura brasileira”, com Tailane Rocha da ONG Terra Viva, Davi Montenegro do Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias –NEPPA, e o engenheiro florestal, Daniel Dourado, representando a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, EBDA. As falas caminharam no sentido de ressaltar o papel da agroecologia como modelo de desenvolvimento para o campo, enfocando suas diferentes dimensões, econômica, social, política, ambiental e cultural.


Foi apresentado um resgate histórico da questão agrária brasileira, os conflitos de terra e luta pela reforma agrária, além disso, abordou-se os dois modelos de desenvolvimento que se apresentam no campo brasileiro, a agroecológia e o agronegócio. Foram levantados os impactos da “Revolução Verde” no âmbito das mudanças nas políticas agrícolas, desde as políticas de credito agrícola às extensões rurais – essas cada vez mais precarizadas pelo regime de contratação do REDA, segundo Daniel Dourado.

 
Após a mesa, foram levantadas três questões para serem debatidas nos Grupos de Trabalho: 1) Fazer um mapeamento das práticas agroecológicas desenvolvidas nas comunidades e nos assentamentos; 2) Quais soluções coletivas pode-se utilizar para a produção agroecológica; 3) Como potencializar odiálogo com a sociedade a partir da venda de produtos agroecológicos.

Os grupos de trabalho foram estruturados em regionais, acontecendo as reuniões de três grandes grupos, cada grupo composto por diversas comunidades que debateram essas questões, socializando experiências e traçando estratégias para a construção do modo de vida agroecológico.