quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ato na governadoria é marcado pela diversidade de camponeses, indígenas e quilombolas.


Na tarde desta terça-feira (14), cerca de 2500 pessoas caminharam até a sede da governadoria em Salvador (BA) para iniciar as negociações junto ao Governo do Estado a fim de atender uma extensa pauta de reivindicações que envolve o direito à terra, território, moradia, saúde, educação, soberania alimentar, habitação, dentre outros.


Assim começou o segundo dia da Jornada de Lutas que reuniu o Movimento dos Acampados, Assentados e Quilombolas da Bahia (CETA); Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD); Pastoral Rural (PR); Movimento pelo Teto e Terra (MPTT); Movimento dos Trabalhadores Independentes (MTI); Movimento de Resistência Camponesa (MRC); Via do Trabalho (VT); Verde, Socialismo e Trabalho (VST); povos indígenas Pataxó do Extremo Sul, Pataxó Hã Hã Hãe, Povos Quilombolas e a Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e Mata Atlântica.

Desde de 2013, os movimentos sociais do campo vêm dialogando sobre a necessidade de se articularem na construção de ações conjuntas, pois suas lutas isoladas têm se mostrado incapazes de obter as vitórias que necessitam. A diversidade de sujeitos políticos reunidos no ato, que envolveu movimentos camponeses, urbanos, quilombolas e indígenas, demonstra que essas tentativas de articulação começam a dar seus primeiros frutos. Para os representantes esta jornada de lutas é o início da construção de um grande movimento unificado no Estado da Bahia.

Através da mística e da unidade, os integrantes dos diversos movimentos sociais organizados em fileiras saíram do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), local onde estão acampados desde o último domingo (12), e percorreram as ruas do Centro Administrativo da Bahia (CAB). Com suas bandeiras, cores, agitação e palavras de ordem demostraram organização, unidade e a diversidade dos movimentos. Assim, juntos chegaram à sede da governadoria e à frente do prédio fizeram a agitação com músicas, toré zabumba e sanfona, mostrando as diversas formas de fortalecer a luta.


No entanto, apesar da beleza vista na mobilização, o processo de negociação junto ao Governo Estadual não foi simples. Os representantes dos movimentos sociais, organizados em uma Comissão de Negociação, foi recebida pelo Secretário do Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues, e por Martiniano Costa, chefia do Gabinete de Relações Interinstitucionais do Estado. Durante toda a tarde desta terça-feira, os representantes apresentaram e dialogaram os pontos de pauta unificado da frente de lutas, que dentre as diversas reivindicações estão: o avanço da Política de Reforma Agrária, demarcação de terras indígenas e quilombolas e o arquivamento da PEC 2015, atualmente em tramitação no Congresso Nacional.

Apesar da apresentação das 16 páginas de pautas, não tivemos ainda um avanço significativo nesta primeira rodada de negociações. De acordo com a avaliação dos articuladores, o governo precisa repensar sua forma de condução para a negociação junto aos movimentos sociais, atualmente engessada e pouco sensível para à diversidade desta jornada de lutas.

Os desafios enfrentados são de caráter estrutural. Assim, não adianta dialogar apenas com as esferas do poder público do Estado da Bahia, mas sim articular também junto as instâncias nacionais. Os movimentos esperam que o governador Rui Costa assuma o compromisso de auxiliar na interlocução com o governo federal, para que as demandas levantadas na pauta de revindicações sejam atendidas. Esse pedido de interlocução é revindicado por aqueles que ajudaram a eleger o atual governador como seu representante; no entanto os movimentos presentes entendem que seu papel continua sendo pressionar os governos em busca das conquistas de direitos para toda a classe trabalhadora.

De acordo com os representantes foi dado um prazo para o governador se manifestar sobre a pauta até hoje (15) às 17:00.

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