Na tarde desta terça-feira (14), cerca de 2500 pessoas caminharam
até a sede da governadoria em Salvador (BA) para iniciar
as negociações junto ao Governo do Estado a fim de atender uma
extensa pauta de reivindicações que envolve o direito à terra,
território, moradia, saúde, educação, soberania alimentar,
habitação, dentre outros.
Assim começou o segundo dia da
Jornada de Lutas que reuniu o Movimento dos Acampados, Assentados e
Quilombolas da Bahia (CETA); Movimento dos Trabalhadores
Desempregados (MTD); Pastoral Rural (PR); Movimento pelo Teto e Terra
(MPTT); Movimento dos Trabalhadores Independentes (MTI); Movimento de
Resistência Camponesa (MRC); Via do Trabalho (VT); Verde, Socialismo
e Trabalho (VST); povos indígenas Pataxó do Extremo Sul, Pataxó Hã
Hã Hãe, Povos Quilombolas e a Teia Agroecológica dos Povos da
Cabruca e Mata Atlântica.
Desde de 2013, os movimentos
sociais do campo vêm dialogando sobre a necessidade de se
articularem na construção de ações conjuntas, pois suas lutas
isoladas têm se mostrado incapazes de obter as vitórias que
necessitam. A diversidade de sujeitos políticos reunidos no ato, que
envolveu movimentos camponeses, urbanos, quilombolas e indígenas,
demonstra que essas tentativas de articulação começam a dar seus
primeiros frutos. Para os representantes esta jornada de lutas é o
início da construção de um grande movimento unificado no Estado da
Bahia.
Através da mística e da
unidade, os integrantes dos diversos movimentos sociais organizados
em fileiras saíram do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), local onde estão acampados desde o
último domingo (12), e percorreram as ruas do Centro Administrativo
da Bahia (CAB). Com suas bandeiras, cores, agitação e palavras de
ordem demostraram organização, unidade e a diversidade dos
movimentos. Assim, juntos chegaram à sede da governadoria e à
frente do prédio fizeram a agitação com músicas, toré zabumba e
sanfona, mostrando as diversas formas de fortalecer a luta.
No entanto, apesar da beleza
vista na mobilização, o processo de negociação junto ao Governo
Estadual não foi simples. Os representantes dos movimentos sociais,
organizados em uma Comissão de Negociação, foi recebida pelo
Secretário do Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues, e por
Martiniano Costa, chefia do Gabinete de Relações
Interinstitucionais do Estado. Durante toda a tarde desta
terça-feira, os representantes apresentaram e dialogaram os pontos
de pauta unificado da frente de lutas, que dentre as diversas
reivindicações estão: o avanço da Política de Reforma Agrária,
demarcação de terras indígenas e quilombolas e o arquivamento da
PEC 2015, atualmente em tramitação no Congresso Nacional.
Apesar da apresentação das 16
páginas de pautas, não tivemos ainda um avanço significativo nesta
primeira rodada de negociações. De acordo com a avaliação dos
articuladores, o governo precisa repensar sua forma de condução
para a negociação junto aos movimentos sociais, atualmente
engessada e pouco sensível para à diversidade desta jornada de
lutas.
Os desafios enfrentados são de
caráter estrutural. Assim, não adianta dialogar apenas com as
esferas do poder público do Estado da Bahia, mas sim articular
também junto as instâncias nacionais. Os movimentos esperam que o
governador Rui Costa assuma o compromisso de auxiliar na interlocução
com o governo federal, para que as demandas levantadas na pauta de
revindicações sejam atendidas. Esse pedido de interlocução é
revindicado por aqueles que ajudaram a eleger o atual governador como
seu representante; no entanto os movimentos presentes entendem que
seu papel continua sendo pressionar os governos em busca das
conquistas de direitos para toda a classe trabalhadora.
De acordo com os representantes foi dado um prazo para o governador
se manifestar sobre a pauta até hoje (15) às 17:00.
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