Os movimentos
sociais e povos indígenas do estado da Bahia iniciaram ontem, 13 de abril de
2015, uma jornada de lutas com a ocupação provisória do INCRA. Estão presentes
CETA, MTD, MTI, MRC, Via do Trabalho, MPTT, Teia de Agroecologia dos Povos,
além dos povos indígenas Pataxó do Extremo Sul e Pataxó Hã hã hãe. A pauta geral
é o arquivamento da PEC 215 (Projeto de Emenda Constitucional) e seus apensados,
que alteram o processo de demarcação das terras indígenas. Além da solidariedade
aos povos indígenas, cada movimento trouxe demandas especificas.
A ocupação faz parte das diversas
ações que os movimentos sociais e povos indígenas estão realizando nesse mês de
abril em todo o país, e compõe a jornada nacional de lutas em defesa dos territórios
dos povos tradicionais (quilombolas, indígenas, camponês@s, ribeirinh@s, mariqueir@s,
dentre outr@s).
Desde a Constituição de 1988 o
poder executivo é responsável pelo procedimento de reconhecimento e demarcação dos
territórios tradicionais, atuando através da FUNAI e Fundação Palmares. Na
constituição havia previsão legal de demarcação dos territórios indígenas em no
máximo 05 anos, ou seja, a regularização dos territórios de todos os povos
indígenas do Brasil deveria ter sido finalizada em 1993. No entanto, se
passaram mais de duas décadas do prazo previsto e o poder executivo apenas registrou
12% dos territórios.
As alterações propostas pela PEC
215 transfere para o Congresso Nacional a competência EXCLUSIVA para demarcar
os territórios indígenas e áreas de preservação, além de reavaliar os
territórios em processo de demarcação. Levando em conta que o atual congresso
nacional é o mais conservador desde a ditadura militar, composto por apenas 7%
de representantes da classe trabalhadora, essa proposta de emenda
constitucional impossibilitará as demarcações e imprimirá força na retirada dos
povos tradicionais de suas terras. Portanto, a PEC 215 é um dos meios pelos
quaisl os latifundiários pretendem expandir suas fronteiras agrícolas, usando
as terras de forma exploratória para desenvolver o agro e hidronegócio.
Os primeiros habitantes
do Brasil sempre tiveram sua cultura ameaçada, mas nunca deixaram de lutar. Sua
luta é contra o avanço desenfreado do atual modelo econômico que, pouco à pouco,
destrói a Mãe Natureza e tenta
desarticular suas manifestações ancestrais.
Diante dos danos sociais e
ambientais provocados pelo agronegócio, fica clara a necessidade da NÃO
aprovação da PEC 215 para garantir os direitos e sobrevivência dos povos tradicionais
responsáveis por recriar e preservar os saberes em conexão com a mãe Terra,
respeitando todas as formas de vida e protegendo a biodiversidade do Brasil.
“Não viemos aqui para brincar, viemos dizer
que estamos vivos.
Nós vamos defender nossos territórios nem que seja com nossas próprias vidas”.
Lindomar Terena, Liderança Indígena.
Nós vamos defender nossos territórios nem que seja com nossas próprias vidas”.
Lindomar Terena, Liderança Indígena.
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